sábado, 15 de agosto de 2015



Abismo-me,,, cara de abismo...
E vou me surpreendendo a todo instante....incrível... como de repente eu mudei meu foco de visão pra um olhar onde se abisma?
Isto e difícil de explicar, eu vim de um olhar de aceitação. Tecer um julgamento mesmo que seja o abismamento e algo totalmente novo, como se fosse preenchendo o meu ego com informações novas.
De mim que abisma-se pra com o mundo abismante.
e uma expressão facial de palhaço triste. Boca pra baixo , queixo enrugado.
Detesto
Cadê a placidez do meu rosto?
Cabem tantas expressões?
E eu que queria um bottox pra os olhos ficarem sempre jovens, jovens na visão de mundo... e abismar-me a cada instante.

A borboleta renasce!



Quando eu era uma lagarta, eu vivia me rastejando pelo chão, sempre a espera de um novo que eu não conhecia. Sabia que um dia as coisas mudariam, era sempre assim com minhas amigas lagartas, um dia estavam pelo chão, noutro sumiam... Então eu sabia que um dia eu também sumiria... Fosse isso a morte, fosse isso uma nova vida, um dia eu sumiria.
Hoje me lembro de pensar e pedir muito ao deus das lagartas, deus cruel esse que faz a gente se arrastar pelo chão em pânico, medo de ser pisado pelos gigantes matadores de lagartas, mas como era o único deus que eu conhecia, era á ele que dirigia minhas preces...
Lagarto pai, olha por mim, eu to toda ralada, e cansada de dar um passo depois do outro, andando sem rumo, pelo chão dessa metrópole... Pai ouve meu lamento, concede um pouco de felicidade á essa sua filha. Pai... Eu que me deixo levar pelo destino traçado e aceito minha insignificância, peco, não tarda a me tirar dessa vida. E, obrigada pai, pela esperança que nunca me abandona.
Um dia me descobri num casulo. O processo de casulo é difícil de descrever... Não lembro direito como foi feito, se eu fiz ou se eu já era o casulo... a única recordação que tenho é da sensação que antecede o estar preso. A desistência.
Um dia eu desisti. Não perdi a fé, mas desisti de pedir. Percebi que eu tinha prolongado meu destino de lagarta de tanto pedir ajuda... Eu só tinha que ver que aquela minha vida tinha ficado pra trás. E mais, agradecer a meu deus por perceber isso quando ainda tinha tempo. Tempo para a redenção!
E me vi dentro do casulo... Pensei... Agora eu to quentinha, protegidinha, dentro desse quartinho... Nada me falta, por que nada quero. Sim, a experiência do eu me basto.
Eu me bastava e me aquecia, e me amava... e ia esquecendo os dias infindáveis de perigo que havia passado. Claro que não queria sair do casulo, eu me bastava. E foi então que me curei. E esqueci.  Um dia uma luz entrou pelo casulo, eu pensei, mas como? Que luz e essa que invade assim meu mundo de proteção e aconchego? Que luz é essa que me cega, depois de tanto tempo no escurinho? E tentei fugir... Me esconder dentro de mim e não ver a claridade tomando conta do meu pequeno mundinho, onde era senhor absoluto. Que de mim nascia e para mim se dirigia... E daí’? Eu me amava sim, qual o problema? Mas quando eu me acostumei com a claridade, passei a ter noites de vigília intensa e insônia pura, esperando o sol nascer e a luz me aquecer. Me percebi esquecendo o quanto era bom ficar tranqüila no quartinho escuro, esqueci do qt era bom viver o amor em mim e pra mim... Comecei a amar o sol. Foi só ai, quase como um milagre, eu me descobri transformada... Meu deus pensava... Que deus é o meu, já não sou lagarta, nem sei o que eu sou... A quem dirijo minhas orações? Tinha uma coisa estranha acontecendo com o e meu corpo e o medo de morrer foi grande. Senti a dor da falta de coragem, dor latente, inesquecível... Corroendo minhas tentativas de sair do casulo. Sim sair sim, por que naquele momento o casulo mais significava uma prisão, do que um lar... Eu queria era sentir o sol inteiro nesse corpo ate então desconhecido meu.
E a forca pra romper o casulo? E o medo de me queimar no sol sem a proteção do casulo... Mas como sentir o sol dentro do casulo? Eu olhava pro sol e pedia ajuda. O casulo era úmido e as paredes esticavam, eu pedia forca pra romper o casulo.
Fiz buraquinhos para o sol entrar e aquecer meu corpo preso. E ele entrava pelas frestas e em fugidios momentos eu sentia na pele o calor... e queria mais... e mais...
Quando eu já estava pensando que ia viver pra sempre assim, entre o desconhecido e o conforto perdido, fez um dia muito quente... Desses que a gente não esquece... Que secou toda a umidade do casulo... Meu deus eu pensei... É hoje... É hoje que eu saio daqui. Aquele calor todo dava medo... Eu que tão acostumada ao quente e úmido mini útero, ser assim surpreendida por tanto calor.
Enquanto estava ainda tentando digerir tudo isso... Escutei um crec... E outro crec... E outro crec... Ainda sem saber o que isso significava, e com mais medo ainda, percebi que tudo estava ruindo ao poder do sol. Eu pensei, é agora ou nunca...
Hoje eu estou aqui contando isso e pensando, como é difícil descrever a paixão da borboleta, e me perguntando... Quando foi o momento exato que o casulo se quebrou e o sol enfim me banhou? E chego à conclusão que a magia é o instante/já.
Aconteceu, acontece e acontecerá... Sim... Aconteceu...
E essa é a historia da Borboleta que se apaixonou pelo Sol...

Amores

Eu sempre achei que soubesse o que era o amor.
Assim simples, sem muito explicar... Duas pessoas que querem caminhar juntas, que
precisam do contato, precisam do cheiro e da pele.
Mas existe um algo mais, um que de infinito e misterioso que não é em todo amor
manifesto.
Vivi alguns amores, amores que foram amadurecendo e se transformando.
Vivi amores que acabaram na linha de um furacão.
Vivi amores que não passaram de alucinação.
Vivi amores pela metade e amores completos...
Mas nunca acabou o vazio da alma.
Tenho um amor de alma.
E minh‘alma vazia do amor que preencheria esse espaço.
Esse amor existe tanto quanto a dor de não viver.
E uma sensação de morte.
Morte de um amor que não chegou a crescer, não chegou a se desenvolver. Como um
aborto, penso nisso com a dor de quem aborta sem querer.
Não existe grito desesperado, nem palavra cautelosa que reverta à situação.
E minha alma sozinha chora... Chora por dentro.
Mantém reluzente a capa de invulnerabilidade e aceitação passiva.
Mas que droga, é assim a vida? Lutar pra encontrar um grande amor e não viver esse
amor.
Já não há lagrimas reais e o mar emocional é como uma fonte de cristal que jorra água
lavando tudo com meu choro contido.
O desespero toma partido do mar e causa revoluções. E a esperança não quer ver o dia
do luto chegar.
E foram tantos anos, esperando o mundo se ajeitar, esperando tudo estar no lugar certo
na hora certa. E quando isso aconteceu. Minha alma gritou tanto, rouca, perdeu a voz no
amor do outro.
E o toque de alma foi a despedida...
Eu respiro fundo e dou um passo, arrastado e sem vontade, forçado pelo instinto de
sobrevivência... E mais um passo... E outra respiração. E mais um passo,... para longe
de você, para dentro do amor... Por que amor que é de tão velho, amor azeitado, não
enferruja, ta lá sempre reluzente. Tortura de minha alma. Amor da minha vida.
Vida sem o amor.
E lagrimas reais, minha alma toma conta do corpo, enfiada em mim, chora o irreal, o
impossível, chora o sonho não realizado e a esperança que não acaba.
Chora a impotência do controle e a dor de ver o sonho virando pó.
Chora por que não vê sentido na vida sem o amor.
E chora pra perdoar a si por não perdoar o outro.
Eu penso que vou ter sempre em mim um túmulo de bebê. E quando o passar dos anos
calar a ausência, eu vou olhar pra trás e chorar a felicidade idealizada e não vivida.
E será que vou achar triste ou romântico?
Quando a dor cede lugar a calma. A prece de minh’alma se torna audível pra mim. E eu
e ela em coro cantamos a esperança.
Que o dia do Sol chegue e as crianças possam vestir asas coloridas e de mãos dadas ,
caminhem o tempo do hoje.
E nos vejo entre arco-íris de amor.
E me perdôo pelos pensamentos ruins.
Esperando meu amor te tocar.