sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
Balões
Bem (confusão), bem( confusão), bem(resolução)… Por onde começar?
O que falar, pra quem falar?
Como colocar pra fora emoções tão escondidas?
Como explicar o rumo que a vida tomou.
E eu sei sim. Eu sei onde estou pra onde eu vou e de onde eu vim tudo agora.
Tenho a impressão que as palavras pulam na minha frente e formam uma estranha coreografia, mas nada reflete a verdade. Palavras são vazias, são traços sem carne nem cor.
Qual é o corpo de uma letra? As letras são o corpo da palavra?
Onde é o coração da palavra?
Qual é o coração da palavra amor?
Será que palavras são balões que vc sopra suas emoções, e ai elas são infladas e chegam em vc e esvaziam.
Visão interessante um “amor” gigante soltando dores e alegrias, enquanto vai murchando, dança sublime no ar fazendo piruetas, ate que desaparece.
Ou será que as palavras são pesadas, gordas de intenções e de racionalizações, de mentiras?
Onde esta o ponto de mudança? Onde eu posso descobrir a natureza da palavra?
Toda palavra será sempre mentira! Nunca vou me expressar de modo que as minhas palavras venham cheias de verdade, elas têm sempre que passar por um filtro, que é o entendimento do outro.
Eu falo o que eu penso ou falo o que eu sinto, minhas palavras são de emoções ou de razões? Será a palavra o veículo apenas da razão? E toda confusão é isso, palavras não são balões de emoção, são criptogramas de razão.
É sempre isso, razão com razão, conversa de mente com mente.
Podem de verdade tentar refletir uma verdade qualquer.
Uma conversa é como um labirinto de espelhos distorcidos, nunca é fiel a imagem, às vezes exagerado, às vezes minúsculo, tortos, retos… Espelhos.
Não é o corpo.
As palavras corporais… Devia existir um código corporal, para estabelecer uma conversa. Assim emoção seria conversado através do corpo e não da mente. A emoção que passa pelo crivo da mente já não é emoção é mente. Mente explicando o i9nexplicável. O corpo vive. Ele fala e grita, mas os códigos não são claros, a gente não aprende a linguagem do corpo, a gente cala o corpo, as secreções, as respirações, o batimento cardíaco, o suar frio, a pupila dilatada, tudo e mesmo assim é pouco. Meu corpo grita, mas eu não reconheço. Eu crio palavras.
Palavras apenas, palavras.
Será o que o corpo reconhece a linguagem de outro corpo e minha mente é que não vê isso?
Será que meu corpo fala com o seu e eu que não vejo?
Você me vê assim? Só corpo? Sem palavras?
Será que amor sairia voando pela sua boca e entraria em meu corpo como um beijo?
Será que línguas têm suas palavras?
Eu quero um beijo de palavras, uma conversa de corpos, um encontro de alma.
Pouco não? Quero que minhas palavras sejam verdades. (serão verdades quando corpo for corpo e palavra for palavra).
Que elas voem como balões levando apenas uma mensagem, palavras mentem, olhe meu corpo… Voando, palavras mentem , olhe meu corpo…
E toda conversa seria um idílio corporal.
Quem mente mais o corpo ou a razão? Quem aprisiona mais, quem sofre mais a falta?
É o corpo que reclama de ausência, a mente se ocupa em criticar tudo.
Meu corpo diz ama, minha mente diz mais ou menos, meu instinto ronrona e minha alma espera um encontro.
Esta lá sozinha querendo perder a virgindade, querendo virar mulher, querendo se encontrar.
Alma que não é tocada nem pelo corpo nem pela mente. Que solidão de alma não se aplaca com sexo, não se aplaca com teoremas, não se aplaca no encontro.
Minha parte Deus, (meu coração e minha língua) por um toque daria tudo. Certeza de existência.
Eu sou meu tudo, e despedaçado precisa encontrar um meio de abraçar a alma.
Chora e quem chora é a alma chora sem saber por que.
Por que é razão, alma não tem razão, é choro de alma sozinha, sozinha de mim, sozinha da união.
Meu corpo é um veículo para minha alma.
Fazer amor comigo é fazer amor com minha mente, com minhas emoções, fazer amor com minha parte deus, com minha alma. Meu corpo é apenas instrumento do amor de minha alma. Não ame o fácil, ame o distante o longe, o impensável, lá minha alma espera por mim.
Quando minha alma vem pra terra, ela retira meus pensamentos e toma meu corpo, não ha razão ai.
Ha êxtase. E êxtase… Assusta.
Tenho que ser tocada por completo, tocada na base pra despertar o meu desejo, tocada nas emoções e tocada na razão. Tudo acontece ao mesmo tempo. Isto é ser pleno.
Um jorro, instinto, emoção, razão pra eclodir em um gozo de alma.
Quando minha alma te tocar tudo vai se perder.
Rodopio de sensações, abismo desconhecido, declínio, tombo, e cair, cair sem nunca mais parar… E lá de baixo grita meu nome.
Vem (ou vou) toma de pronto o seu caminho, esquece as palavras, se alivia das razões, vem abraça a loucura…
Seja a loucura o sentido das palavras, seja a loucura as emoções desordenadas, seja a loucura uma mentira para disfarçar a mediocridade global, seja a loucura um ego inflamado.
Seja o presente, a prontidão, a falta de objetivos.
Quero contar o depois, depois da vida, depois…
Quero explicar – com palavras- o que só é possível sentir.
Quero ser um poeta. Poetas sempre falam emoção. Talvez eles mesmos não tivessem emoção. Talvez seu legado seja justamente esse; proporcionar emoção. Será que ao invés de eu tentar explicar minha emoção, eu tentar criar uma emoção, eu seja melhor sucedida?
Não sei pra que estou escrevendo isto, parece que as palavras tomam forma, e estou aqui, Cérebro fantasiado de emoção escrevendo um monte de baboseiras, para negar o óbvio. Estamos sós. E nada nem ninguém têm o poder de aliviar essa solidão. Solidão de mim mesma, solidão e saudade de alguém que eu fui, da menina confiante, mas não, nunca fui confiante, foi sempre uma máscara para lidar com as perdas. Mas saudades do colégio, como se naquela época eu tivesse sido mais feliz que hoje. Saudades da juventude, isso. Saudade do sonho de um dia ser alguém melhor. Melhor? Melhor pra quem? Sou o que sou, sou o fruto de escolhas sim, mas o fruto de estigmas o que me adianta não ser se todos acham que sou. Logo não sou nada, nem o que sou, nem o que acham que sou. Paradoxo constante. Ser ou não ser, não é questão, é, apenas.
E pra que melhorar se quando isso acontece, vc se vê cada vez mais fora do seu mundo, cada vez mais fora da realidade cotidiana.
Um Fernão Capelo Gaivota que não encontra outras gaivotas pra voar junto.
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